Ibejis ou Erês

Data da oficina - 23/03/2024 das 9h às 12h
Local - Av. Lagedao 433 • Cidade Soberana • Guarulhos • SP

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AS CRIANÇAS - Alegria e inocência

Compreende o primeiro ciclo da mulher, dos 0 aos 7 anos de idade.


Eles representam a alegria e a inocência do dia a dia. É nesta fase que o corpo começa a receber a influência do contexto à sua volta. Quando a criança brinca com a água, o barro, os seres vivos e com outras crianças, está aprendendo o princípio mais importante da energia: reciprocidade.





Trocando em miúdos,


Ibejis são divindades gêmeas infantis. É um orixá duplo e tem seu próprio culto, obrigações e iniciação dentro do ritual. Divide-se em masculino e feminino (gêmeos). Em Oyó cultua-se como erês ligados às qualidades de Sangô e Osun. Popularmente conhecido como Xangô e Oxun de Ibeji.






Sincretismo religioso

É a prática de se misturar elementos de religiões diferentes, na tentativa de se estabelecer uma similaridade ou paridade que, de fato, não existe.

No caso em questão, reflete-se na pretensão de se dar "aparência católica" a um sistema de crenças completamente diferente ou oposto àquilo que prega o catolicismo. Lamentamos especialmente o fato de que, em nossos dias, tanto a mídia secular quanto parte das próprias instituições católicas ajudam a promover o sincretismo como se fosse coisa muito boa, louvável, digna e justa – como se fosse coisa cristã.

Lamentamos porque, segundo a fé cristã de sempre, é algo nocivo para as almas. Respeitar a liberdade religiosa de cada um e saber conviver, pacífica e respeitosamente, com as diferentes crenças, é uma algo que incentivamos. Assumir e promover o sincretismo religioso é outra coisa, completamente diferente.

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Como foi a sua infância


Essa é a primeira pergunta que devemos fazer antes de falar dos Ibejis.
Agora que você teve seu flash back vou contar alguns trechos da mitologia destas crianças peraltas.


“....Os gêmeos traquinas traziam fogo para casa e o fogo incendiava o lar de Egbé.
Sua casa estava assim, sempre em reparo, sempre refeita das cinzas.....”

Mitologia dos Orixás (Reginaldo Prandi), pg 373


Traquinas. Essa é uma das definições mais usadas quando falamos de crianças. Mas como disse em outras ocasiões “crianças são como um caderno em branco”. Elas não nascem traquinas ou qualquer outro adjetivo que busquemos para defini-las. Elas se transformam de acordo com a criação que recebem.

A cultura da família é impressa nas primeiras páginas desse caderno em branco.
O que comer, o que beber, onde ir, quando dormir, quando acordar, o que fazer ao longo do dia. E tudo isso depende dos membros da família para serem “impressos” de forma correta.

Tenho um exemplo bem típico dessa “impressão” aqui no meu terreiro. Minha filha Giselda tem um bebê com um pouco mais de um ano. José, em sua inocência, já entendeu que na casa da mamãe tem horários definidos e padrão bem especifico. Já aqui na casa da “bó” como o que quero na hora que quero, rsrs.

Ele vai crescer com esse entendimento, e no futuro com certeza vai ter alguém que vai chama-lo de traquina pois não sabe esperar os horários de alimentação aqui na minha casa. Mas nunca vai perguntar quem o ensinou a ser assim.

Na cultura afro brasileira o mais novo aprende com o mais velho, isso não só no referente a idade. Quem já teve oportunidade de conviver com os membros das religiões de matriz africana pode perceber que essa tradição é mantida até hoje. Dentro da religião a idade cronológica não conta muito visto o momento da iniciação ser considerado renascimento, e a partir dele, começamos a contar o “tempo de santo” que cada iniciado tem.

Um novo membro dessa comunidade é tratado como um bebê pelos membros mais velhos. Não pensem que é fácil para um adulto ser tratado como criança. É muito interessante ver como as pessoas se sentem afrontadas quando recebem a orientação de que, a partir daquele determinado momento, precisam perguntar aos mais velhos “de santo” o que podem ou não fazer. O incômodo é ainda maior quando este mais velho “de santo” é mais jovem cronologicamente.


“....Nesta mesma época, a Morte colocou armadilhas em todos os caminhos e começou a comer todos os humanos que caíram em suas arapucas.
....Os ibejis então armaram um plano para deter Icu (a morte).
.... O ibeji que ia pela trilha ia tocando seu pequeno tambor.
Tocava com tanto gosto e maestria que a Morte ficou maravilhada...
...Os gêmeos  venceram.
Foi assim que salvaram os homens e ganharam fama de muito poderoso...”

Mitologia dos Orixás (Reginaldo Prandi), pg 375





Esse mito é muito lindo e esclarecedor, procurem ler na íntegra.

Os adultos em pânico com medo da morte e crianças, em sua inocência, felizes, sem carregar o peso da consciência dos riscos que nós enxergamos em todos os lugares o tempo todo.

Onde esse mito está presente em nossas vidas?

Vejo crianças vencendo a morte todos os dias e em todos os lugares. Vejo crianças vencendo a morte quando pedem esmola para ter o que comer, quando conseguem chegar à adolescência vivendo na rua ou em áreas de vulnerabilidade social.

Vejo crianças vencendo a morte quando elas tem saúde, mesmo vivendo em locais sem água ou esgoto tratados. Vejo crianças vencendo a morte quando são filhos de pessoas sem perspectiva alguma de futuro e elas sonham em estudar e ter alguma profissão ou negócio próprio.

Vejo Ibejis vivos fazendo morada em cada uma destas crianças e deixando nelas a alegria capaz de levar o ser humano a vencer qualquer desafio. A força capaz de levar o ser humano a acolher e proteger o outro apenas por ele estar precisando.


Questione-se:

Como você criou ou vai criar seus filhos?

Minha mãe diz que eu criei os meus “como Deus criou batata”, rsrs.

Criei meus filhos para o mundo e não pra mim. Foi uma decisão muito difícil pois resistir à vontade de mantê-los aqui “embaixo das minhas asas” foi quase impossível. O me deu forças foi pensar que eu não poderia estar ao lado deles o tempo todo e por essa razão precisava prepará-los para saber o que fazer quando estivessem sozinhos.

Quando eles chegaram, me trouxeram uma série de responsabilidades que me obrigava a seguir em frente. Buscando sempre conquistar o melhor para mim e por consequência para eles.


Questione-se ainda mais:

O que você está ensinando para as crianças a sua volta?

Você tem ensinado às crianças a sua volta que somos todos iguais?





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